No início de cada temporada, a torcida de um gigante como o Internacional espera por grandes contratações e a promessa de títulos. No entanto, o presidente Alessandro Barcellos surpreendeu a todos ao anunciar uma profunda reestruturação para 2026. Em vez de nomes de peso, a aposta do clube será radicalmente focada na juventude, uma manobra ousada que redefine as prioridades e o futuro do Colorado.
A principal mudança anunciada é que o elenco sub-20 do Inter fará a pré-temporada de 2026 junto com o grupo profissional. A consequência direta dessa decisão é que o time sub-17 será o representante do clube na tradicional Copa São Paulo de Futebol Júnior. A manobra, como admitiu o próprio Barcellos, segue uma tendência crescente no futebol brasileiro, onde a realidade financeira força os clubes a profissionalizar a transição de seus jovens talentos. O objetivo estratégico é claro: utilizar o Campeonato Gaúcho como um laboratório para acelerar o desenvolvimento e a integração de suas promessas ao time principal.
O que mais chama a atenção na comunicação do presidente é sua admissão franca de que a estratégia é arriscada. Em um meio onde dirigentes costumam projetar promessas vazias ou uma confiança inabalável, Barcellos optou pela honestidade sobre os desafios da decisão.
"Aviso com antecedência de que o elenco sub-20 fará parte da pré-temporada com o plantel principal. Vários clubes estão fazendo isso e nós vamos fazer em preparação para o Gauchão. Dessa forma, nós entraremos na Copa São Paulo com o time sub-17. É um risco, mas nós iremos fazer."
Essa transparência é um movimento notável que contrasta com o discurso padrão do futebol. Ao invés de vender uma certeza de sucesso, a gestão busca alinhar as expectativas da torcida com a nova e desafiadora realidade do clube, admitindo a possibilidade de resultados adversos no curto prazo.
Este pivô estratégico para a base não surge do nada; é uma correção de rota forçada por uma sequência de erros financeiros e de planejamento. Barcellos admitiu que o clube errou no passado ao acreditar que poderia investir pesado no futebol para, só depois, quitar as dívidas com os frutos esportivos. A aposta não se pagou, e o primeiro passo para a mudança foi a austera janela de 2025, uma decisão que, segundo ele, foi baseada em outro erro de cálculo: a superestimação da força do elenco existente. "Nós entendíamos que teríamos condições de ir melhor no Brasileirão com o grupo que tínhamos", resumiu o mandatário.
O reconhecimento desse duplo equívoco, financeiro e técnico, culminou na aceitação de que o modelo anterior era insustentável.
"Achamos que poderíamos investir em futebol e a partir disso pode encarar as dívidas com os frutos dessa iniciativa... Os movimentos que fizemos em 2025 de não investir, de segurar, nós corremos esse risco. Hoje, muitos, com razão, nos criticam. Foi uma decisão que tomamos."
A aposta na base não é apenas uma escolha técnica, mas uma estratégia corajosa e necessária, nascida da admissão de erros passados. O clube troca a busca por soluções imediatas por um projeto de longo prazo, com riscos calculados e uma dose incomum de transparência.
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O CONTEÚDO NO TEXTO ACIMA REFLETE O PENSAMENTO DO ESCRITOR E NÃO DO BARCOLORADO!
