A notícia de que o presidente do Internacional, Alessandro Barcellos, convocou uma reunião com todos os ex-presidentes do clube rapidamente circulou entre os colorados. À primeira vista, parece um gesto nobre de união em um momento delicado. Existe um complexo jogo de xadrez político, motivado por uma das crises mais profundas da história recente do clube.
A principal contradição no momento político de Barcellos é evidente. De um lado, ele toma a iniciativa de "reconstruir a unidade política" através de um encontro com figuras históricas do clube, buscando pacificar o ambiente. Do outro, enfrenta a perda iminente de um dos pilares de sua gestão: o movimento "Povo do Clube". A iminente ruptura não representa apenas a perda de apoio, mas uma fratura no núcleo do poder, já que o movimento possui um vice-presidente eleito na chapa, Evandro Morbach.
Essa situação revela uma manobra de altíssimo risco. Ao mesmo tempo que o presidente tenta estender a mão para antigos adversários, ele corre o risco concreto de perder uma parte fundamental da aliança que o elegeu. Negociar com a oposição enquanto sua própria base se desfaz é um sinal de que a governabilidade se tornou insustentável, forçando Barcellos a buscar legitimidade fora de seu círculo original.
Essa busca por pacificação não é um movimento protocolar. Trata-se de uma resposta direta à "turbulenta temporada de 2025", uma campanha desastrosa que quase resultou no rebaixamento do clube. A crise esportiva foi o catalisador que forçou o presidente a repensar sua estratégia, e o movimento político ocorre enquanto ele "prepara mudanças profundas na diretoria, especialmente no departamento de futebol". A reforma, portanto, é total: dentro e fora de campo.
O plano de Barcellos é "abrir espaço para a participação de outros movimentos políticos, inclusive aqueles tradicionalmente alinhados à oposição". Em um ambiente tão polarizado como o de um clube de futebol, essa abertura é uma admissão de que o modelo de gestão atual falhou e que o poder precisa ser compartilhado para garantir a sobrevivência. A gravidade do momento foi reconhecida pelo próprio presidente.
...reconheceu publicamente as “cicatrizes profundas” deixadas pela temporada...
Engana-se quem pensa que a reunião com os ex-presidentes é apenas uma medida para apagar o incêndio de 2025. O encontro, na verdade, "marca o início de uma articulação mais ampla" e sinaliza uma estratégia de longo prazo.
Para Barcellos, unir forças tornou-se uma "condição essencial para corrigir rumos e iniciar a transição rumo ao fim de seu mandato, em 2026". O objetivo é construir um pacto de governabilidade, neutralizar focos de oposição e garantir a estabilidade necessária para atravessar o período final de sua gestão sem novas turbulências. É um cálculo político para terminar o mandato com um mínimo de capital para implementar as mudanças prometidas.
A reunião convocada por Alessandro Barcellos é muito mais do que um simples aperto de mãos. É uma jogada política multifacetada, nascida de uma crise severa e carregada de riscos e oportunidades. Ao tentar ampliar seu arco de alianças, o presidente busca a pacificação necessária para governar, mas ao custo de talvez perder aliados essenciais.
Fica a pergunta no ar: será esta a manobra que finalmente trará a paz necessária para o Inter se reerguer, ou o clube está apenas rearranjando suas peças para a próxima batalha política?
Fonte Correio do Povo
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O CONTEÚDO NO TEXTO ACIMA REFLETE O PENSAMENTO DO ESCRITOR E NÃO DO BARCOLORADO!
