O Flamengo está a um passo de anunciar o zagueiro Vitão, do Internacional, mas o que parece ser mais uma grande contratação é, na verdade, o xeque-mate em um fascinante jogo de xadrez. A negociação, longe de ser simples, é um case de mercado repleto de reviravoltas, uma dívida antiga transformada em trunfo e um "efeito dominó" que mudou todo o tabuleiro, embora o acerto final com o jogador ainda seja a peça que falta para selar a partida.
A investida do Flamengo por Vitão só foi possível porque uma negociação tida como certa fracassou espetacularmente. O Internacional já havia encaminhado a venda do zagueiro para o Cruzeiro, mas a transação ruiu, escancarando uma janela de oportunidade para o Rubro-Negro.
O movimento que desarranjou o acordo foi a recusa de um terceiro jogador. A transação com o clube mineiro envolvia a ida do zagueiro João Marcelo para o Internacional. Contudo, a recusa do atleta em se transferir para Porto Alegre travou todo o processo. Em uma reviravolta digna das grandes estratégias do mercado, a decisão de um jogador redefiniu o destino de outro e alterou a rota de dois gigantes do futebol brasileiro.
A genialidade da manobra do Flamengo, no entanto, não está apenas na persistência, mas em uma sofisticada engenharia financeira que transformou uma dívida em seu maior trunfo. A transação total gira em torno de 10 milhões de euros (aproximadamente R$ 65 milhões), mas a chave para o "sim" do Inter não foi apenas o montante.
O golpe de mestre da diretoria flamenguista foi incluir no negócio o perdão da dívida que o Internacional tem pela compra do volante Thiago Maia. O Colorado devia 4 milhões de euros, valor que, com a correção, já alcançava 4,7 milhões de euros (cerca de R$ 30,6 milhões) e do qual nenhuma parcela havia sido paga. Ao abater essa quantia e se comprometer a pagar o restante à vista, o Flamengo apresentou uma solução definitiva e uma proposta financeiramente irrecusável para um Inter que precisava de liquidez.
O desejo do Flamengo por Vitão não é recente. O clube já havia tentado a contratação do zagueiro no início de 2025, mas as conversas não avançaram justamente porque, na época, o Internacional rechaçou a ideia de incluir a dívida de Thiago Maia no acordo.
O cenário, no entanto, mudou drasticamente. Com o fracasso da negociação com o Cruzeiro, o Inter se viu sem o comprador ideal, e a proposta do Flamengo, antes rechaçada, tornou-se a solução mais vantajosa na mesa. A persistência rubro-negra encontrou o timing perfeito para dar o bote.
A negociação por Vitão é um exemplo fascinante da complexidade do mercado, onde timing, estratégia e engenharia financeira são tão decisivos quanto o poderio econômico. Com o acordo entre os clubes selado, o Flamengo se aproxima de resolver uma prioridade para a temporada: reforçar a defesa. O passo final, um acerto salarial com o jogador, é o que separa o zagueiro do Ninho do Urubu.
Fonte GE Inter
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