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| Foto SCInternacional |
A partida de D'Alessandro, oficializada junto à s saÃdas de André Mazzuco e José Olavo Bisol (vice de futebol), não foi um evento isolado, mas a erupção de um desgaste que corroÃa o clube por dentro. Mais do que qualquer outra coisa, a saÃda do Ãdolo expôs uma falha sistêmica e um trabalho que, apesar da enorme expectativa, não entregou o mÃnimo esperado, culminando em uma reformulação profunda e inevitável.
A confirmação da saÃda de Andrés D’Alessandro, na noite de terça-feira, não é apenas o fim de mais um ciclo do Ãdolo argentino no Beira-Rio. É, sobretudo, o retrato de um desgaste interno que se tornou incontornável e de um trabalho que, mesmo cercado de expectativa, não entregou o mÃnimo esperado.
Como diretor, D'Alessandro tinha responsabilidades claras: ser a ponte entre jogadores, comissão técnica e direção; manter o vestiário mobilizado; e participar das decisões estratégicas do departamento. Nos corredores do Beira-Rio, o veredito é unânime: em nenhuma de suas missões principais, o gestor D'Alessandro entregou o esperado. O time se mostrou desmotivado em momentos cruciais, as contratações do ano — algumas feitas por indicação direta do ex-meia, fracassaram em campo, e o resultado final foi a humilhante luta contra o rebaixamento até a última rodada. A liderança que o caracterizou com a bola nos pés não se traduziu em sucesso na gestão.
Na semana decisiva da temporada, antes do jogo contra o Bragantino, o desgaste interno se tornou público. Sentindo que sua imagem estava sendo prejudicada, D'Alessandro tentou organizar uma entrevista coletiva para explicar a má campanha. A diretoria barrou a iniciativa por dois motivos cruciais que revelaram a fratura na relação. O primeiro obstáculo foi a exigência do próprio argentino, que se recusava a responder perguntas de jornalistas considerados "crÃticos demais". Em segundo lugar, o clube temia que ele expusesse o grupo em um momento em que qualquer fissura interna poderia ser fatal. A solução encontrada, enviá-lo a rádios com ambiente controlado, foi a prova cabal da desconfiança mútua e do esforço para conter danos.
A demissão de D'Alessandro não estava nos planos imediatos do Conselho de Gestão, mas uma reformulação completa do departamento de futebol já era um consenso. A recusa da diretoria em ceder ao seu controle de imagem na semana anterior já era um prenúncio de que sua autoridade não era mais inquestionável. O estopim foi a demissão sacramentada do executivo André Mazzuco. Quando D'Alessandro soube da decisão e percebeu que não tinha mais força para revertê-la, ele mesmo pediu para sair, antecipando uma mudança que já envolvia também o vice de futebol José Olavo Bisol. A reação do Conselho foi aceitar "sem movimentos maiores para mantê-lo". Isso revela uma verdade brutal dos bastidores: se D'Alessandro não era um problema a ser demitido, também já não era uma solução a ser mantida a qualquer custo.
A crise estrutural tem consequências imediatas e desestabilizadoras. A permanência do técnico Abel Braga, até então tratada como praticamente certa, agora é uma grande incerteza. O treinador tinha uma forte relação com D'Alessandro e havia manifestado o desejo de trabalhar com ele no clube. Com a queda de seu principal fiador, a permanência de Abel Braga desmoronou de "praticamente certa" para uma incógnita que joga o planejamento da próxima temporada em um limbo.
A saÃda de D'Alessandro foi o estopim que forçou uma reformulação profunda no futebol do Internacional, nascida do desgaste, do fracasso de gestão e da perda de influência do Ãdolo. A diretoria aposta em uma ruptura cirúrgica para salvar o paciente, mas a questão que paira sobre o Beira-Rio é se o clube tem o pulso firme para o pós-operatório ou se este é apenas o inÃcio de uma hemorragia de instabilidade.
Fonte Correio do Povo
