3 Vezes fugas históricas do rebaixamento

 


A ansiedade aperta o peito da nação colorada. Na reta final da temporada de 2025, o Internacional se vê mais uma vez na corda bamba, lutando pela sobrevivência na elite. O confronto decisivo contra o Red Bull Bragantino transcende o campo; é uma batalha para evitar um "cenário de caos nas finanças" que assombraria o futuro do clube.

Contudo, para um clube centenário, essa angústia não é inédita. É um eco de batalhas passadas, gravadas a ferro e fogo na memória do Beira-Rio. A história, essa velha senhora sábia, ensina que o Inter já esteve à beira do precipício e se recusou a pular. Em pelo menos três ocasiões dramáticas, a salvação veio "no apagar das luzes", forjando a resiliência que hoje é invocada. Relembremos as fugas que testaram os corações e definiram o espírito de um clube que sabe sofrer, lutar e, no fim, prevalecer.

A década de 90 se abria com uma dura lição para o gigante do Beira-Rio. Apenas dois anos após a glória de um vice-campeonato brasileiro, o Inter se arrastava por uma campanha anêmica, num tempo em que a vitória valia meros dois pontos. A crise técnica era evidente, e coube ao experiente Ênio Andrade a missão quase impossível de salvar o time nas rodadas finais. O destino seria selado na última rodada, e o clube "não dependia apenas de si".

A primeira parte da missão foi cumprida com uma vitória sofrida, por 1 a 0, sobre a Portuguesa, com o gol salvador do atacante chileno Letelier. Mas o Beira-Rio não comemorou. Em vez disso, prendeu a respiração. Os olhos e ouvidos de toda a torcida se voltaram para os transistores, aguardando notícias de outro jogo. O alívio só veio com o apito final que decretou a vitória do Flamengo sobre a Inter de Limeira. Aquela fuga, marcada pela agonia da espera, foi um exercício de humildade. Ensinou que, no futebol, nem o mais detalhado planejamento supera o acaso, e que, às vezes, a salvação de um gigante depende da ajuda de um rival.

Se 1990 foi sobre a agonia da espera, 1999 foi sobre a força de um ícone. O ano começara de forma promissora, com altos investimentos e a esperança de títulos. A campanha na Copa do Brasil quase confirmou as expectativas, mas uma derrota traumática por 4 a 0 para o Juventude, em casa, fez tudo ruir. A partir daquele momento, a equipe "degringolou" no Brasileirão. A instabilidade era tamanha que três técnicos — Paulo Autuori, Valmir Louruz e Emerson Leão — passaram pelo banco de reservas sem encontrar solução.

A partida final era contra o "poderoso Palmeiras, liderado por Luiz Felipe Scolari" e recheado de estrelas como Paulo Nunes, Asprilla e Pena. O cenário era aterrorizante. Em um jogo tenso, quando a esperança já se esvaía, uma cobrança de falta de Celso viajou até a área. Lá, como um predestinado, estava Dunga. O capitão do tetracampeonato mundial subiu mais alto que todos e testou firme para o fundo da rede. Um único e redentor golpe de cabeça do capitão imortal foi o suficiente. O gol que não apenas selou a vitória e a 16ª colocação, mas que exorcizou o fantasma de um ano que começou como promessa e quase terminou em tragédia. Em 1994, sua liderança ergueu uma taça para o mundo; em 1999, sua cabeça salvou a alma do seu clube.

O ano de 2002 chegou sob o signo da austeridade. No primeiro ano da gestão do presidente Fernando Carvalho, o clube enfrentava sérios "problemas financeiros" e montou um "time modesto". O desempenho em campo era um reflexo direto das dificuldades: a equipe chegou à última rodada em frangalhos, acumulando cinco derrotas consecutivas em seis jogos disputados. A viagem para enfrentar o Paysandu em Belém parecia uma marcha fúnebre. O Inter precisava de um "milagre", uma vitória fora de casa somada a uma combinação improvável de resultados.

Sob o comando de Cláudio Duarte e com a aposta em "meninos da base", o time entrou em campo como franco atirador. E o impossível aconteceu. Em uma tarde heroica no Mangueirão, os gols de Fernando Baiano e Mahicon Librelato selaram uma vitória por 2 a 0 que parecia roteiro de cinema. Com os tropeços de Portuguesa e Palmeiras, que acabaram rebaixados, o Inter garantiu sua permanência, terminando na 21ª colocação, a um passo do abismo. Aquela fuga não foi apenas uma vitória; foi a validação da identidade do clube. Em um momento de crise profunda, o Inter olhou para dentro e encontrou em sua própria juventude a força para reescrever um destino que parecia selado.

As histórias de 1990, 1999 e 2002 são mais do que meras lembranças; são os pilares da resiliência colorada. Elas ensinam que, mesmo nos cenários mais sombrios, a camisa tem um peso que desafia a lógica. Cada fuga teve seu drama, seus vilões e seus heróis improváveis, forjando um DNA de luta que hoje é convocado mais uma vez.

Diante do desafio de 2025, a nação colorada se pergunta: qual roteiro a história reserva desta vez? A salvação virá da fé em um resultado alheio, como em 1990? Da cabeça de um líder incontestável, como em 1999? Ou da garra improvável de uma juventude heroica, como em 2002? A história oferece os caminhos; o destino aguarda seus protagonistas.

Fonte Correio do Povo

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O CONTEÚDO NO TEXTO ACIMA REFLETE O PENSAMENTO DO ESCRITOR E NÃO DO BARCOLORADO!

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