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| Foto Ricardo Duarte/Internacional |
Existe uma tensão particular que apenas o torcedor de um time grande à beira do abismo conhece. É a ansiedade que aperta o peito na semana do jogo decisivo, a contagem regressiva para o apito inicial que definirá toda uma temporada. Para a torcida colorada, esse sentimento é a realidade. O Inter enfrenta o Bragantino em um Beira-Rio que será palco de um jogo de "tudo ou nada", onde a vitória é a única opção para manter viva a esperança de permanência na elite.
No que será seu segundo e último jogo nesta oitava passagem pelo clube, o técnico Abel Braga prepara uma mudança dramática e pontual. Suas decisões carregam o peso de uma cartada final. A principal alteração tática planejada é a entrada do atacante Carbonero, que retorna de suspensão, para ocupar a vaga de Juninho. Esta não é uma simples troca; é uma aposta de alto risco que revela o tamanho do abismo em que o time se encontra, uma tentativa de injetar "mais velocidade e presença ofensiva" em uma equipe que não pode se dar ao luxo de empatar. Em um cenário onde apenas a vitória interessa, Abel joga suas últimas fichas no ataque.
A mudança para uma formação mais agressiva é uma reação direta ao fracasso retumbante da estratégia anterior. Na derrota para o São Paulo, o "modelo mais cauteloso" adotado por Abel foi "amplamente dominado", expondo uma passividade que custou caro. A passividade que levou ao domÃnio do São Paulo agora força Abel a buscar no colombiano a faÃsca de velocidade que faltou, trocando o colete de segurança por uma espada. Essa inversão tática radical ilustra o nÃvel de desespero: o tempo para testes acabou, e a necessidade de um gol a qualquer custo dita as regras no Beira-Rio.
Os fatos da tabela do Brasileirão são cruéis e não deixam margem para erro. O Inter chega à última rodada na 18ª posição, com 41 pontos, firmemente cravado na zona de rebaixamento. O ponto mais crÃtico, no entanto, é que o clube já não depende apenas de si. Para escapar da queda, o time precisa de "uma vitória e de combinações de resultados paralelos para seguir na elite". A situação é um reflexo direto da péssima fase recente: o Colorado não vence há três jogos e carrega o fardo de duas goleadas humilhantes, 5 a 1 para o Vasco e 3 a 0 para o São Paulo, que o empurraram para o fundo do poço.
O desempenho desastroso dentro das quatro linhas é, na verdade, um sintoma de um colapso institucional. A má fase em campo alimenta e é alimentada por um ciclo tóxico nos bastidores. O colapso tático é agravado por um "racha no vestiário [que] expõe crise e empurra o Inter para a beira do rebaixamento". Essa instabilidade interna, por sua vez, intensifica a pressão pela saÃda do presidente Barcellos, que pode se tornar "insustentável em caso de queda". E, para completar o cenário, o rebaixamento "ameaça empurrar o Inter ao colapso financeiro". Portanto, a partida contra o Bragantino carrega um peso que vai muito além do resultado esportivo, decidindo o futuro financeiro, polÃtico e a própria estrutura do clube.
O Beira-Rio se prepara para 90 minutos de pura tensão. Em meio a uma crise técnica, tática e institucional, a esperança de milhões de torcedores repousa sobre os ombros de um time pressionado. As decisões de Abel Braga e o desempenho dos jogadores em campo são a última chance para evitar um dos piores cenários da história centenária do clube. A questão que fica é se um ato de ousadia tática pode, sozinho, superar um clube que parece ruir de dentro para fora. Conseguirá o ataque de Abel silenciar a crise que ecoa dos vestiários e das salas da diretoria?
