| Fotos Ricardo Duarte/Internacional |
Grandes clubes não jogam apenas por pontos; jogam por história, paixão e pela expectativa de milhões. Quando um gigante como o Internacional se vê na conturbada luta contra o rebaixamento, a pressão é imensa e cada partida se torna uma final. Nesses momentos de crise aguda, a verdadeira liderança transcende o campo de jogo, as táticas e os resultados imediatos, operando no frágil ecossistema emocional do clube.
Em tempos de crise, apoio vale mais que cobrança.
Visivelmente incomodado com o "excesso de crÃticas", D'Alessandro propôs uma inversão na cartilha convencional da gestão de crise no futebol. Em vez de aumentar a pressão pública — a reação mais comum de dirigentes e torcidas na iminência do rebaixamento — ele fez um apelo direto por proximidade e incentivo. "Precisamos que eles nos incentivem, que eles tenham aproximação com os jogadores, para que sintam o calor da torcida", afirmou.
Isso representa uma rejeição deliberada e corajosa da gestão pelo medo. D'Alessandro demonstrou um profundo entendimento de psicologia da performance: com a confiança dos atletas já abalada, mais cobranças seriam paralisantes. Ao pedir apoio, ele buscou criar um ambiente de segurança psicológica, um escudo protetor para que os jogadores pudessem recuperar o desempenho, alimentados pelo incentivo em vez de serem sufocados pelo temor do erro. É uma tática que contrasta diretamente com os estilos "punho de ferro", priorizando a inteligência emocional como ferramenta de recuperação.
As ações de D'Alessandro compõem uma estratégia de liderança holÃstica, que enxerga além do próximo resultado. Ele executou uma intervenção em três atos: fabricou a responsabilidade no vestiário, reafirmou a identidade cultural do clube e, por fim, construiu um ambiente de segurança psicológica para a performance. Ele não pediu apenas apoio; ele arquitetou o cenário para que esse apoio se tornasse a força motriz da recuperação.
Em um esporte movido por resultados, será que a maior vitória de um clube em crise não é, na verdade, a reconexão com sua própria essência?
Fonte GZH