Em meio a uma tensa luta contra o rebaixamento, cada partida para o Internacional se transforma em uma final. O confronto desta quinta-feira, contra o Ceará na Arena Castelão, é um capítulo decisivo nessa jornada. O adversário, a um passo de garantir sua permanência na Série A, representa um obstáculo formidável. Contudo, este é um duelo que será vencido no campo das ideias.
A chave para a vitória colorada reside em forçar o Ceará a um cenário que o desconforta — ser o protagonista — sem cair na armadilha de seu letal jogo reativo. Vamos decifrar as chaves deste quebra-cabeça.
"Fator casa": A surpreendente fraqueza do Ceará em seus domínios
Intuitivamente, jogar em casa é uma vantagem. Para o Ceará, no entanto, os números contam uma história diferente, oferecendo uma primeira janela de oportunidade para o Inter. A raiz desse problema está na dificuldade do time em "propor o jogo". A defesa do Ceará, embora sólida, é mais eficiente quando defende em bloco baixo. Em partidas no Castelão, a equipe é forçada a jogar de forma mais adiantada, expondo espaços e sofrendo mais do que o habitual. A estatística confirma o cenário: o Ceará tem apenas a 15ª campanha em casa, com 25 pontos somados, o que a posiciona como a sexta pior entre os vinte times da Série A.
O estilo de jogo
O segundo ponto-chave é entender que o Ceará não precisa da bola para ser perigoso. O estilo de Léo Condé é pragmático e reativo, priorizando a solidez defensiva e a velocidade nos contra-ataques. As estatísticas ilustram perfeitamente essa dualidade:
Possuem a segunda menor média de posse de bola do Campeonato Brasileiro, com apenas 45,5%.
Em contrapartida, ostentam a 5ª melhor defesa do torneio, com apenas 30 gols sofridos, e não foram vazados em 11 partidas.
Na prática, isso significa que o Ceará se sente confortável sem a bola, esperando o erro do adversário para lançar transições ofensivas rápidas e letais. Para o Inter, cair nessa armadilha, perdendo a posse em zonas de risco, pode ser fatal.
Ameaça aérea: O ponto forte que explora uma fraqueza colorada
A principal arma ofensiva do Ceará é clara e bem definida: a bola aérea. A equipe é a segunda com a maior média de cruzamentos certos no Brasileirão (5,1 por jogo), alimentada principalmente pelos extremas Galeano, pela esquerda, e Pedro Henrique, pela direita. Essa jogada se torna ainda mais perigosa com o retorno do centroavante Pedro Raul. Artilheiro do time com 10 gols no campeonato, quatro deles foram marcados pelo alto.
Essa força acende um alerta vermelho, pois o Inter levou gols em jogadas pelo alto em seus dois últimos compromissos, contra Bahia e Vitória. O duelo-chave pode acontecer no setor esquerdo da defesa colorada: o ex-colorado Pedro Henrique merecerá atenção principal, pois atacará diretamente o espaço de Bernabei, que vem apresentando dificuldades defensivas. Neutralizar essa jogada será uma tarefa crucial.
Defesa Cearense
Se por um lado o Ceará tem forças evidentes, por outro apresenta uma vulnerabilidade tática que parece feita sob medida para o Inter. A desproteção dos zagueiros quando a equipe está em organização ofensiva faz com que o time fique "espaçado". Para compensar, a linha defensiva recua para evitar bolas em profundidade, mas essa movimentação propicia um espaço valioso na frente da defesa e às costas dos volantes.
Este é exatamente o setor do campo onde Alan Patrick mais gosta de atuar. Além da genialidade do camisa 10, a estratégia colorada deve passar por explorar a lentidão da recomposição cearense com inversões rápidas de jogo. As corridas de jogadores como Carbonero e Vitinho podem ser letais nesse espaço, assim como a chegada surpresa de volantes com boa presença ofensiva, como Bruno Henrique e Alan Rodríguez, infiltrando nessa zona desprotegida.
A partida no Castelão será definida nos detalhes. A vitória do Inter não dependerá apenas da entrega e da vontade, mas, sobretudo, da inteligência tática para negar os pontos fortes do Ceará e explorar cirurgicamente as brechas que o adversário oferece.
Será que Ramón e Emiliano Díaz conseguirão armar o time para explorar essas vulnerabilidades e trazer três pontos vitais do Nordeste, ou a pressão da luta contra o rebaixamento falará mais alto no Castelão?
Fonte GZH
