O futebol, em suas retas finais, se despe de qualquer lógica e se veste de puro drama. Para um gigante como o Santos, a luta contra o rebaixamento é um abismo que se aproxima, um teste para a história e para os nervos. E, neste momento de angústia, todo o destino de um clube parece repousar sobre uma única e frágil articulação: o joelho esquerdo de Neymar. A condição de seu ídolo-mor virou o epicentro de uma decisão que pode salvar ou selar a sorte do Peixe no Brasileirão.
Nos corredores da Vila Belmiro, a pergunta que ecoa é um misto de cálculo frio e pavor: o que vale mais? Arrisca-se o ídolo para uma batalha crucial ou se protege o jogador-símbolo para uma guerra futura que talvez nem chegue? Este é o dilema que consome a comissão técnica santista. Neymar sentiu o desconforto contra o Mirassol e, na raça, jogou os 90 minutos. Treinou normalmente nos dias seguintes, o que tecnicamente o liberaria para o jogo.
A questão, porém, não é médica, e sim estratégica e emocional. Poupá-lo do confronto direto contra o Internacional, no Beira-Rio, seria uma precaução, um ato para evitar que um incômodo se transforme em desfalque permanente nas rodadas finais. Mas como abrir mão de seu farol técnico e espiritual no jogo mais importante do ano? A decisão é um nó cego entre o risco de perder tudo agora e a aposta de ter força máxima depois.
A partida contra o Internacional é o que se convencionou chamar de "jogo de seis pontos", e a expressão nunca foi tão precisa. Os dois clubes são adversários diretos na fuga desesperada da degola. O Inter, 15º colocado com 40 pontos, e o Santos, logo atrás em 16º com 37, dançam à beira do precipício onde já se encontra o Vitória, o primeiro do Z-4, com 36 pontos.
O cálculo é simples e brutal: uma vitória do Santos não apenas lhe garante três pontos, mas impede que um rival direto some, criando na prática uma diferença de seis pontos no confronto. É a chance de respirar empurrando a cabeça do adversário para baixo d'água. E este drama se desenrolará em um cenário infernal. Com ingressos esgotados, o Beira-Rio não será um estádio, mas um caldeirão pulsante, uma arena onde quase 50 mil vozes empurrarão o Colorado e tentarão sufocar um Santos que já joga com o peso do mundo nos ombros.
A decisão sobre Neymar reverbera para além do apito final em Porto Alegre. O calendário santista é uma sucessão de finais, uma maratona pela sobrevivência. Depois do Inter, a equipe ainda encara Sport, Juventude e Cruzeiro, partidas onde cada ponto será garimpado com suor e sangue.
Entrar em campo no Beira-Rio sem seu general é mais do que uma desvantagem tática; é um golpe na alma do time. Para um elenco que já joga sob pressão absoluta, a ausência de sua estrela-guia, mesmo que por um jogo, pode ser a diferença entre lutar com esperança e entrar em campo já sentindo o gosto da derrota. A confiança para encarar o resto da batalha pode ser fatalmente abalada.
O cenário está posto: um ídolo com o físico no limite, um jogo que vale a permanência e o fantasma do rebaixamento assombrando a gloriosa história de um dos maiores clubes do Brasil. A decisão sobre Neymar não é apenas sobre escalar ou não um jogador; é sobre o tamanho do risco que se está disposto a correr quando o futuro inteiro está em jogo.
Diante de tanto em jogo, qual seria a sua decisão se estivesse no comando do Santos: poupar o símbolo ou arriscar tudo com Neymar em campo?
Fonte GZH
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