Quando um parente adoece e baixa ao hospital, você tem que deixar as diferenças de
lado e se mostrar solidário, atencioso, disponibilizar-se para qualquer dificuldade.
Não há mais orgulho, desavença, rusga. É uma trégua emocional. Até para discutir e brigar, o outro precisa desfrutar de plena saúde.
É o caso do Inter, que se encontra na UTI. Agora não vale a pena apontar culpados por um dos anos mais frustrantes do clube desde 2016, quando foi rebaixado. Não é viável fazer contratações de última hora, inclusive porque a situação financeira é periclitante, sem nenhuma meta atingida, com uma dívida que beira R$ 1 bilhão.
Não dá para perseguir jogadores em crise técnica, vaiar volantes que entregam bolas fáceis, censurar a zaga vazada, patrulhar artilheiros abstêmios de gol que não condizem com seus salários milionários.
É observar o precipício da tabela – a quatro pontos do primeiro na zona do descenso, o Vitória – e lotar o estádio como se fosse disputa de título.
É esquecer as 13 derrotas, as goleadas, os vexames, a freguesia de Fluminense e Flamengo, o saldo negativo de oito gols.
Não pensar demais. Não usar a razão. Não lançar mão do ceticismo. Não utilizar o boicote. Não exercer vingança por tanto sofrimento.
Não falar que é preferível atuar na B para aprender a lição, renovar o conjunto e oferecer oportunidade para a base.
Nem mesmo acreditar que a terra arrasada é propícia a uma SAF e que, numa visão absolutamente ingênua e crédula, ela será milagreira, capaz de resolver problemas recorrentes e nos colocar num patamar competitivo.
Não contestar os reforços equivocados, ou as vendas precoces de peças importantes, como a de Wesley no meio da temporada.
Não amaldiçoar as lesões, não se fixar nos erros de arbitragem, não afundar em lamúrias e desculpas.
Não estamos no Z-4 porque há agremiações que conseguiram ser ainda mais irregulares. Não é mérito nenhum.
É manter a noção de que, na prática, não somos melhores do que ninguém no Brasileirão. Tampouco os piores da classificação.
A teoria de um plantel qualificado jamais funcionou em campo. A demora na substituição do treinador não permitiu a mudança de mentalidade.
É torcer como nunca, de olhos fechados, com a paixão atemporal pela cor vermelha. Torcer como quem reza contra a morte.
É o nosso manto em jogo, a nossa história, a credibilidade da nossa instituição.
Cair pela segunda vez, num momento financeiro delicado, é pedir para não subir tão cedo.
Será um poltergeist, uma catástrofe diante dos patrocinadores.
A ressurreição deve começar logo no Dia de Finados, domingo, às 18h30, no duelo com o Atlético (MG).
Não podemos contar com 20 mil pessoas no Beira-Rio. É pouco. Dependemos de 40 mil, de um exército assustador. Necessitamos de uma mobilização urgente, irrestrita e incondicional. Apoiar do início ao fim. Não parar de gritar. Não parar de tremular a bandeira. Cansar a garganta e os braços. Aparecer no trabalho, na segunda-feira, rouco e afônico.
Enfrentaremos quatro finais em casa: além do Galo, Bahia (8/11), Santos (23/11) e Bragantino (7/12).
Doze benditos pontos para alcançarmos a marca de 47 e nos livrarmos de todos os fantasmas e ameaças.
Convoque a família, os amigos, nossos leais e fanáticos soldados. Não se foge da guerra. O Inter se vê enfermo, e temos que carregá-lo no colo de volta à luz.
Só a torcida salvará o Inter
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